O Capítulo de Êxodo 12 representa mais do proteção contra a última uma praga a Faraó e, a libertação do povo do Egito.
É sombra de algo maior.
Desde o cordeiro sem defeito, os ossos não quebrados, a regra de não deixar nada pela manhã, tudo tem ecos proféticos apontando ao Senhor Jesus.
Seria o mesmo Senhor que libertou Israel com mão firme no Egito, o mesmo que nos libertou na cruz?
1) Morto no dia e hora dos sacrifícios
No Êxodo, o cordeiro pascal tinha datas e horários definidos. Primeiro, deveria ser separado no dia 10:
“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro… E o guardareis até ao dia catorze deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde.” — Êxodo 12:3,6
Séculos depois, Jesus entrou em Jerusalém justamente no dia 10 de Nisã, apresentado diante da multidão como o Cordeiro de Deus:
“No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a Jerusalém, tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.” — João 12:12-13
E no dia 14, na tarde dos sacrifícios, quando os cordeiros pascais eram mortos no templo, Jesus foi crucificado e entregou o espírito.
“Era a preparação da páscoa, e quase à hora sexta; e disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.” — João 19:14
“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.” — Mateus 27:50
O detalhe impressiona: o relógio da história marcava o sacrifício pascal, e no mesmo horário o verdadeiro Cordeiro era imolado.
Coincidência? Ou Deus mostrando que a Páscoa sempre apontava para Cristo?
2) Cordeiro sem defeito
Na noite da saída do Egito, Deus ordenou:
“O cordeiro será sem mácula, um macho de um ano; o tomareis das ovelhas ou das cabras.” — Êxodo 12:5
Por que sem mácula? Será que Deus já estava apontando para o Cordeiro perfeito que viria?
Quando prenderam Jesus, não acharam motivo real.
“E, não o acharam, ainda que muitas testemunhas falsas se apresentavam; mas, por fim, chegaram duas falsas testemunhas.” — Mateus 26:60
Pilatos também declarou:
“Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque não acho nele crime algum.” — João 19:6
E mesmo assim, Ele não se defendeu — como cordeiro mudo.
Pedro resumiu:
“O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.” — 1 Pedro 2:22
E João Batista proclamou:
“No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” — João 1:29
Se até inimigos não acharam falha, não seria porque Ele era o Cordeiro perfeito que Deus já havia prometido?
3) Sangue que salva do juízo
Na noite da libertação, Deus ordenou algo incomum e solene:
“E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem.” — Êxodo 12:7
O sangue do cordeiro tinha que ser posto na madeira — ombreiras e verga da porta — para que a casa ficasse marcada. Quando o juízo passou, só aqueles cobertos pelo sangue foram poupados.
Séculos depois, o sangue de Jesus foi derramado… também em madeira: a cruz.
Quem está em Cristo, selado pelo Seu sangue, não teme mais o anjo do juízo.
“E não fizeram dano à erva da terra, nem a verdura alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o selo de Deus.” — Apocalipse 9:4
Assim como no Egito, o sangue não era acaso, mas a diferença entre vida e morte.
4) Nenhum osso quebrado
O cordeiro da Páscoa tinha uma ordem peculiar:
“Nenhum osso lhe quebrareis.” — Êxodo 12:46
Séculos depois, no Gólgota, os soldados romanos quebraram as pernas dos crucificados para apressar a morte. Mas quando chegaram a Jesus, algo os deteve:
“Mas, vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas.” — João 19:33
João vê nisso o cumprimento direto da profecia:
“Porque isto aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: Nenhum dos seus ossos será quebrado.” — João 19:36
Pergunta: como explicar tamanha precisão — que até o detalhe dos ossos, escrito mais de mil anos antes, se cumpriu ao pé da letra?
Será coincidência… ou sinal de que o mesmo Deus que ordenou a Páscoa estava apontando para a cruz?
5) Não deixar até pela manhã
Na Páscoa, o cordeiro não podia permanecer até o dia seguinte:
“Nada dele deixareis até pela manhã; mas o que dele ficar até pela manhã, queimareis no fogo.” — Êxodo 12:10
Normalmente, uma crucificação podia durar dois ou três dias. Mas com Jesus foi diferente: Ele morreu no mesmo dia, ainda antes do pôr-do-sol.
“Os judeus, pois, para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, visto como era a preparação (pois era grande o dia de sábado), rogaram a Pilatos que lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados.” — João 19:31
Jesus já tinha entregue o espírito. Assim, o verdadeiro Cordeiro também não permaneceu até o dia seguinte.
Coincidência? Ou cumprimento perfeito da ordem dada em Êxodo?
6) O fermento removido
Na mesma noite da Páscoa, havia outra ordem:
“Sete dias comereis pães ázimos; logo ao primeiro dia tirareis o fermento das vossas casas…” — Êxodo 12:15
O fermento, na Bíblia, muitas vezes simboliza aquilo que corrompe em silêncio. Jesus mesmo advertiu:
“Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.” — Lucas 12:1
A Páscoa exigia casas limpas de fermento. Seguir fielmente os mandamentos de Cristo exige corações limpos de hipocrisia.
Um cordeiro sem defeito… e um povo chamado a viver sem máscara.
Pergunta: será que o que Deus pedia em Êxodo era apenas sobre massa de pão? Ou já apontava para o coração que o verdadeiro Cordeiro purificaria?
7) Estrangeiros e a aliança aberta em Cristo
Na primeira Páscoa, havia uma regra clara: só podia participar quem estivesse em aliança com Deus — marcada pela circuncisão.
“Porém nenhum incircunciso comerá dela. Na mesma lei será o natural da terra e o estrangeiro que peregrinar entre vós.” — Êxodo 12:48-49
Ou seja, até o estrangeiro poderia participar — desde que entrasse na aliança.
No Novo Testamento, Paulo mostra que a circuncisão verdadeira não é mais na carne, mas no coração:
“No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne, a circuncisão de Cristo.” — Colossenses 2:11
E a promessa de Isaías já antecipava que os gentios herdariam o mesmo Senhor:
“E disse: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó… também te dei para luz dos gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra.” — Isaías 49:6
Se no Egito Deus já mostrava que havia lugar para o estrangeiro na mesa da aliança, quanto mais agora em Cristo — o Cordeiro que abre a porta para todos os povos.
Pergunta: não é isso que já vemos hoje, gente de todas as nações se reunindo em torno de um só Cordeiro?
8) Séculos de espera… e a libertação em um só dia
O povo de Israel não ficou pouco tempo no Egito. Foram séculos.
“Ora, o tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi quatrocentos e trinta anos. E aconteceu que, ao cabo dos quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, todas as hostes do SENHOR saíram da terra do Egito.” — Êxodo 12:40-41
Quatrocentos e trinta anos de escravidão. Mas, quando chegou a hora de Deus, a libertação aconteceu em um único dia. O sangue do cordeiro foi posto nas portas, o juízo passou, e naquela mesma noite o povo saiu livre.
Séculos mais tarde, após o último profeta, Malaquias, veio outro longo silêncio: cerca de quatrocentos anos sem nenhuma palavra nova de Deus. Outra escravidão, agora espiritual. O povo esperava.
Mas, no tempo exato, o silêncio foi quebrado. João Batista levantou a voz no deserto, e logo atrás dele veio Jesus, o verdadeiro Cordeiro, para trazer a libertação definitiva.
Pergunta: não é impressionante como Deus transforma séculos de espera em um único dia de libertação? E se Ele fez isso no Egito, e outra vez em Cristo, será que não continua capaz de agir assim hoje na sua vida?
Conclusão
Cada detalhe da Páscoa em Êxodo 12 aponta para algo maior: o cordeiro sem defeito, o sangue no madeiro, os ossos intactos, a saída em um só dia.
Coincidência? Ou eco profético?
Leia Êxodo 12 com calma. Compare cada detalhe com a vida e morte de Jesus.
Pergunta: se o sangue do cordeiro protegeu Israel do juízo naquela noite… de quem é o sangue que pode nos proteger hoje?
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