Deus Quer Muita Religiosidade Ou Amor? O que Jesus Veio Ensinar?

A cena no tanque de Betesda

Imagine a cena comigo.

Em Jerusalém havia um tanque chamado Betesda, próximo ao portão das ovelhas. Esse tanque era especial. De tempos em tempos, algo incrível acontecia ali. Um anjo descia e agitava as águas, e quem primeiro entrasse no tanque, após o movimento das águas, era curado de qualquer doença que tivesse.

Ao redor desse tanque, havia centenas de pessoas doentes, cegos, coxos e paralíticos, aguardando desesperadamente por aquele único momento de cura. Entre eles estava um homem que sofria havia trinta e oito anos. Trinta e oito anos de dor, de dependência, de sonhos quebrados.

Imagine o sofrimento desse homem. Toda manhã ele acordava esperando que aquele fosse o dia do milagre. Ele via outros sendo curados, via suas alegrias e suas libertações, mas nunca era a vez dele. Era como viver uma tortura diária, preso numa esperança que parecia nunca se concretizar. Toda vez que as águas se moviam, ele tentava chegar primeiro. Mas como poderia chegar antes, se nem sequer conseguia andar? Cada vez, alguém mais forte, mais rápido, mais auxiliado por amigos ou familiares chegava antes dele. Trinta e oito anos de tentativas frustradas, de esperanças destruídas, de solidão e desespero profundo.

Jesus chega com compaixão

Até que Jesus chegou.

Jesus se aproximou calmamente, e com um olhar cheio de compaixão, observou aquele homem tão sofrido e perguntou-lhe gentilmente:

"Você quer ser curado?" — João 5:6

O homem, sem reconhecer quem estava diante dele, respondeu com uma voz carregada de tristeza e desesperança:

"Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque quando a água é agitada. Enquanto estou tentando entrar, outro chega antes de mim." — João 5:7

Jesus, com uma autoridade amorosa e um olhar firme que penetrava até a alma, disse então:

"Levante-se! Pegue a sua maca e ande." — João 5:8

Naquele mesmo instante, pela primeira vez em quase quatro décadas, aquele homem sentiu uma energia poderosa percorrendo suas pernas, sentiu força retornar aos seus músculos atrofiados. Ele levantou-se lentamente, pegou sua maca com alegria indescritível e começou a andar.

Agora, pare um pouco e reflita comigo:

Você acha que algo errado aconteceu aqui? Algum mal foi feito?

A dura reação dos religiosos

Mas veja o que acontece logo depois:

Era sábado. Para os judeus daquela época, o sábado era um dia sagrado, dedicado exclusivamente ao descanso e à adoração a Deus. Qualquer tipo de trabalho ou atividade era estritamente proibido, e havia regras rigorosas, detalhadas e extremamente minuciosas estabelecidas pelos líderes religiosos para garantir que ninguém violasse o dia santo. Carregar objetos, realizar curas ou mesmo andar uma certa distância eram considerados pecados graves e dignos de repreensão severa.

Os líderes religiosos judeus, ao verem o homem curado andando alegremente com sua maca, imediatamente o confrontaram com dureza:

"Hoje é sábado, e não lhe é permitido carregar a maca." — João 5:10

Você percebe a insensibilidade dessas palavras? Um homem sofrendo havia quase quarenta anos finalmente recebeu sua cura e liberdade, mas para esses líderes, o milagre não importava. Eles estavam preocupados apenas com as regras religiosas, os regulamentos humanos, a religiosidade vazia e fria.

Jesus, sabendo o que acontecia nos corações daqueles líderes religiosos, responde com profunda sabedoria:

"Meu Pai continua trabalhando até hoje, e eu também estou trabalhando." — João 5:17

O verdadeiro significado do sábado

Jesus ensinava que Deus nunca deixou de agir no mundo, mesmo no sábado. O mandamento do sábado foi dado por Deus para descanso, confiança e renovação espiritual. Jamais foi uma ordem para deixar de amar, ajudar ou fazer o bem.

O mandamento original dado por Deus diz claramente:

"Lembra-te do dia de sábado, para santificá-lo. Trabalharás seis dias e neles farás todos os teus trabalhos, mas o sétimo dia é o sábado dedicado ao Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teus filhos ou filhas, nem teus servos ou servas, nem teus animais, nem os estrangeiros que morarem nas tuas cidades." — Êxodo 20:8-10

Em nenhum momento Deus definiu limites específicos como não curar alguém, não andar uma determinada distância, ou mesmo não carregar uma maca. Essas foram restrições humanas criadas ao longo do tempo pelos líderes religiosos judeus.

Com o tempo, os líderes religiosos judeus adicionaram centenas de regras pesadas e detalhadas ao mandamento original. Deus havia dito claramente: "Santifique o sábado"; mas os homens complicaram dizendo: "Não carregue maca, não cure, não ande mais que tantos passos." O amor, a essência da Lei divina, foi substituído por rigidez religiosa. Milhares de tradições humanas obscureceram a verdade pura e simples da Palavra de Deus.

Jesus esclareceu isso de forma perfeita e direta:

"O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado." — Marcos 2:27

A hipocrisia dos líderes religiosos

Jesus também expôs a hipocrisia dos líderes religiosos várias vezes, mostrando que eles mesmos violavam suas próprias regras quando lhes era conveniente. Jesus destacou isso ao dizer:

"Hipócritas! Cada um de vocês não desamarra no sábado o seu boi ou jumento do estábulo e o leva dali para dar-lhe água?" — Lucas 13:15

Esses mesmos líderes que condenavam Jesus por curar no sábado eram rápidos em ignorar suas próprias regras quando lhes era conveniente. Isso revela claramente que o verdadeiro problema não era com a lei divina, mas com seus próprios corações endurecidos pela religiosidade vazia e hipócrita.

O ápice dessa hipocrisia foi a crucificação de Jesus, onde os líderes religiosos violaram vários mandamentos essenciais num único dia. Eles cometeram assassinato, deram falso testemunho e demonstraram total falta de amor ao próximo. Veja por que eles decidiram matar Jesus:

"Pois sabia que era por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus." — Marcos 15:10

E também veja o falso testemunho apresentado contra Jesus:

"Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrio estavam procurando algum depoimento contra Jesus, para poderem condená-lo à morte, mas não encontravam nenhum. Muitos testemunharam falsamente contra ele, mas as declarações deles não eram coerentes." — Marcos 14:55-56

Esses líderes religiosos que tanto se importavam em proibir atos de misericórdia no sábado não hesitaram em cometer crimes terríveis quando lhes foi conveniente. Que profunda e triste hipocrisia!

A essência da Lei: Amor

Na verdade, se observarmos atentamente os dez mandamentos dados por Deus através de Moisés, podemos perceber que os primeiros quatro mandamentos dizem respeito ao amor a Deus, enquanto os últimos seis tratam diretamente do amor ao próximo. Jesus deixou isso ainda mais claro ao dizer:

"Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Este é o primeiro e maior mandamento. E o segundo é semelhante a ele: Ame o seu próximo como a si mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas." — Mateus 22:37-40

Se analisarmos mais profundamente esses dois mandamentos destacados por Jesus, chegamos a uma conclusão poderosa e simples: toda a lei de Deus pode ser resumida em apenas uma palavra — amor. Este é o verdadeiro mandamento dado a nós, transbordar amor em tudo o que fazemos. Jesus foi a mais perfeita expressão desse amor, vindo para nos corrigir e mostrar como viver verdadeiramente segundo a vontade de Deus.

O erro que repetimos hoje

Infelizmente, nós ainda cometemos o mesmo erro. Frequentemente trocamos o amor genuíno por rituais, cerimônias vazias e legalismo. Transformamos uma fé viva e cheia de misericórdia em uma religiosidade que pesa, machuca e afasta, em vez de curar, libertar e aproximar.

Jesus não veio criar mais uma religião. Ele veio mostrar algo muito mais profundo, verdadeiro e revolucionário: Deus deseja amor, não religiosidade fria. Deus busca corações sinceros e genuínos, não apenas regras cumpridas de maneira mecânica. Jesus veio ensinar que o amor verdadeiro é a essência da lei de Deus.

E você? Sua fé e religiosidade está edificada no amor a Deus e amor ao próximo? Ou apenas em cumprir regras?